Os favoritos da Ásia de... Coni // Srta Dalloway
A Coni traz inclusão e diversidade dentro e fora do mundo asiático. Nas suas partilhas encontro sempre algo pela primeira vez. Vamos conhecer as suas recomendações!
Penso que conheci a Coni por causa do interesse mútuo em cultura asiática, k-dramas, língua coreana, entre outros. Mas poderia ter sido, também, pelo quão inclusivo é o seu bookstagram, com tantas partilhas de livros queer e feministas.
Na sua conta encontrei livros que não vi em mais lado nenhum, porque a Coni aposta em ler diversidade, desde autoras mulheres, indígenas, da America Latina, até livros das várias partes da Ásia, sem focar apenas no Japão, na China e nas Coreias.
Para além disso, por vezes, a Coni partilha as suas recomendações em Língua Gestual Argentina (Lengua de Señas Argentina – LSA), o que eu acho incrível (também tive dois níveis de Língua Gestual Portuguesa, mas com a falta de prática já quase nada sei).
A Coni é Chilena, vive na Argentina, e é a primeira convidada d’Os Favoritos da Ásia que não é portuguesa. O facto de eu perceber espanhol e a Coni perceber português (melhor do que eu percebo espanhol, admito!), tornou acessível a partilha e as conversas interessantes que tanto gosto de ter com pessoas de outros países. E tenho a certeza que elas nos vai dar a conhecer coisas que muita gente nunca ouviu falar. Estou tão entusiasmada!
Obrigada, Coni, pelas tuas recomendações ♡
As escolhas da Coni
Livros:
A Vegetariana – Han Kang (Coreia do Sul, 2007)
O livro da autora sul-coreana Han Kang foi o primeiro livro de origem coreana que li. Apresentou-me a literatura desse país me deixando uma impressão memorável das artes literárias e das autoras nativas atuais. Mas não é uma leitura simples, pois explora situações traumáticas, saúde mental e diversos tipos de violência. Tenho certeza que haverá pessoas que achem o livro notável e de grande qualidade narrativa, que é o que faz d'A Vegetariana um clássico contemporâneo.
La Guerrera Bang Gwanju – Anónimo (Coreia do Sul, 2023)
Sem dúvida a literatura coreana do século XIX tem características marcantes: história, aventuras e magia podem ser alguns dos elementos principais. "La guerrera Bang Gwanju" (em espanhol), é um livro cujo manuscrito foi encontrado há uns 20 anos; é um tesouro apenas descoberto. Por meio da vida de Bang Gwanju, descreve-se o contexto político e social. Uma leitura curta, mas muito inspiradora em relação a diferentes tópicos, principalmente sobre a situação da mulher na antiga Coreia, sendo até possível lê-lo com perspectiva queer.
Livro em Espanhol
Banda Desenhada:
Erva – Keum Suk Gendry-Kim (Coreia do Sul, 2017)
"Erva" é um quadrinho de não-ficção em que a vida de Lee Ok-Sun é contada, uma mulher vítima da escravidão sexual na Segunda Guerra Mundial no contexto da invasão japonesa na península coreana. Para quem não conhece a história das mulheres de conforto e sua luta pela memória, e ainda para quem quer aprofundar seus conhecimentos, "Erva" é um livro ótimo, um testemunho importantíssimo.
Autores:
Adelina Gurrea (1986, Filipinas)
Uma das minhas autoras asiáticas favoritas é a filipina Adelina Gurrea. Ela foi uma das últimas escritoras de seu país que escreveram em língua espanhola no século XX. Livros de escritoras como ela narram uma época importante pro povo das Ilhas Filipinas: a da colônia espanhola. Sua obra "Cuentos de Juana" revela as diferenças culturais entre os espanhóis e os nativos, além de descrever personagens mitológicos.
Livro em Espanhol
Género de ficção:
Xianxia (仙俠)
É um tipo de fantasia chinesa inspirado na mitologia e influenciado pelo taoísmo, as artes marciais e outros elementos da cultura chinesa. Existe uma grande quantidade de romances, c-dramas, quadrinhos e animações deste gênero. Com frequência assisto c-dramas e, tristemente, em geral estão baseados em romances que ainda não tem tradução a línguas não asiáticas. Mas é grande a esperança, já que o sucesso internacional da série inspirada numa obra da autora Mo Xiang Tong Xiu (“The Untamed”), conseguiu que suas principais histórias fossem publicadas em espanhol (e outros idiomas): "Grandmaster of Demonic Cultivation", "Heaven Official's Blessing" e "The Scum Villain’s Self-Saving System", todas elas Danmei (Boys’ Love) na minha TBR. Desejamos ter a mesma sorte com muitíssimos livros seus e de outros escritores no futuro.
Filmes:
Burning – Lee Chang-Dong (Coreia do Sul, 2018)
Baseado num conto do autor japonês Haruki Murakami, "Burning" é um filme coreano de tensão psicológica. Contém poucos diálogos, três personagens fundamentais e cenários tão escuros como a áurea do filme no seu conjunto. "Burning" é um suspense que não tem comparação com mais nenhum filme ocidental do gênero que já vi.
Séries – K-Dramas:
Pachinko – Soo Hugh (E.U.A., 2022 – presente)
"Pachinko" foi vencedora do Critics Choice Awards, com o prêmio de Melhor Série em Língua Estrangeira. O k-drama é uma adaptação do romance histórico homônimo da escritora Min Jin Lee. A protagonista é Sunja, que, como muitos coreanos no século passado, migra à força pro Japão. Uma história cativante, na qual a coragem e a dedicação das mulheres são indispensáveis pro progresso das suas famílias.
Comida:
Hotteok (호떡) (Coreia do Sul)
O hotteok é um tipo de comida doce que pode ser comprado na rua. A primeira vez que experimentei um, foi ao redor do ano 2014, numa aula presencial de coreano. O professor, nativo de Seoul, era bom no ensino do idioma, mas felizmente, também alguém que quis que seus estudantes experimentassem a sua cultura em diversas áreas. O hotteok é servido quente, é muito gostoso e de fácil preparação. Uma comida que me faz lembrar de belos momentos.
Traje típico:
Hanfu (漢服)
Acredito que as pessoas que gostamos de assistir séries ou filmes históricos, gostamos não só de conhecer por meio deles aspectos políticos e sociais daqueles tempos, mas também de admirar os trajes típicos, entre outros itens estéticos tradicionais de cada país. O hanfu (漢服), traje típico da China antiga, hoje em dia comumente inspira as roupas das séries históricas nacionais.
Música:
Mysterious Bird – Sa Ji (China)
Há pouco uma cantora tem chamado a minha atenção. Sa Ji (萨吉) demonstra a particularidade de sua voz, gentil e poderosa, na canção Mysterious Bird (玄鸟), do último c-drama que assisti, “Till the End of the Moon” (长月烬明 电视剧).
Artista:
Jeff Satur (1995, Tailândia)
Na atualidade não estou em sintonia com a música que lidera o mercado, é por isso que alguns artistas asiáticos não tão conhecidos no Ocidente, tornaram-se minha zona de conforto. O tailandês Jeff Satur possui uma voz que não deixa indiferente a ninguém, e além de cantar em diferentes idiomas, é dono de um talento para fazer qualquer instrumento brilhar. A canção recomendada é Why Don't You Stay (World Tour Ver.).
Já conheciam as recomendações da Coni? Partilhem tudo connosco!
Até julho ☺